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Da Programação Para UX Design: Descobrindo Meu Potencial – Entrevista com Thays Santos
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Da Programação Para UX Design: Descobrindo Meu Potencial – Entrevista com Thays Santos

Tivemos um bate-papo muito inspirador com a Thays, nossa aluna do Master Interface Design.

A Thays sempre foi em busca de conhecimento e, mesmo enquanto trabalhava como programadora, decidiu iniciar não só o nosso curso, mas também um mestrado em Interação Humano-Computador.

Embora ela soubesse que não estava completamente satisfeita com a sua carreira como desenvolvedora, ela demorou um pouco até tomar a decisão de migrar para UX.

Hoje, a Thays trabalha como UX Researcher na Suécia e compartilha conosco a importância de seguir o que realmente te faz feliz.

A descoberta do seu potencial em UX design permitiu que ela entregasse um trabalho ainda mais satisfatório e impactante. Confira a entrevista!

Thays, seja muito bem-vinda! Para gente começar, por favor, conta um pouco de você.

Obrigada Felipe! Eu sou de Manaus, sou bacharel em engenharia da computação e eu trabalhei com programação por mais ou menos 10 anos. Porém, desde a faculdade eu sempre senti que queria ir mais para área de Design, só que por falta de coragem e questões financeiras, eu acabei postergando isso durante muitos anos.

Mas, ao mesmo tempo, eu sempre ficava estudando. No meu tempo livre fazia outros cursos e, um pouco antes da pandemia, eu decidi me dedicar realmente e fazer um curso para migrar de carreira.

Aela e o Master Interface Design

Em 2019 eu tinha feito um curso aleatório de design básico, era um design 101. E aí decidi fazer um curso mais robusto, mais elaborado. Foi então que graças às minhas buscas no Google, eu descobri a Aela e também comecei a receber muita recomendação do curso.

Eu assisti àquela semana com a apresentação dos casos de sucesso, e vi que a maioria das pessoas vão para Europa, eu já estava morando fora e trabalhando como desenvolvedora Android, e como tem gente com essa jornada parecida, a Aela pareceu mais indicada para mim.

Mestrado em Interação-Humano Computador

Portfólio Thays Santos

Ao mesmo tempo eu me inscrevi num mestrado. Aqui na Suécia é de graça. No início de 2020, eu passei no mestrado quando tinha acabado de terminar o nível zero do MID.

Apesar de ser nível zero, ele é bem desafiador para quem não é da área de Design. Eu tinha a visão da parte do handoff, mas eu não tinha a visão de como era o processo.

Para mim, era desafiador que tinha tanto vai e volta (os projetos dos alunos só são aprovados após avaliação criteriosa dos mentores. Muitas vezes, um projeto passa por diversas melhorias até receber o ok). Mas eu me divertia fazendo.

Então decidi sair do trabalho por um ano, e fazer um ano focado no mestrado e um ano trabalhando e estudando. Meu mestrado foi em Interação Humano-Computador, então tinha um pouco de design e um pouco de engenharia, mas eu fui moldando a minha grade escolar para ser mais focado em UX.

Acabou que consegui fazer minha tese na empresa que eu estava trabalhando.

Eu estava trabalhando como desenvolvedora Android há 6 meses quando consegui a aprovação para fazer a tese lá. E juntei o conhecimento de todas as coisas para fazer a tese.

Minha tese foi voltada a acessibilidade, com foco em pessoas com TDAH e dislexia que usam plataformas de streaming. A empresa que eu trabalho é como se fosse uma Netflix sueca, porém menor, mas o produto é muito parecido.

Dica de leitura: Benchmarking: Como Efetuar A Análise De Competidores Em UX Design?

A hora certa

Eu digo que tive sorte de estar no lugar certo e na hora certa. Abriu uma vaga de Developer Experience na empresa, e normalmente esse time é muito técnico. Mas, eles decidiram contratar também uma pessoa de UX nesse time, para conseguir conversar com os desenvolvedores, entender seus problemas, e construir ferramentas para eles dentro da empresa.

Então quando eles viram que eu tinha o conhecimento em UX, o mestrado na área, e o background em desenvolvimento, eles pensaram: "tá aí a pessoa certa".

E eu já era da empresa, já conhecia os problemas, e já me envolvia em processos de melhoria interna.

Acho que esse é um resumo da minha trajetória e de como virei UX Researcher na empresa que eu trabalho hoje.

Portfólio Thays Santos.

Essa questão de sorte, é curioso, porque isso é injusto, a sorte existe para quem está preparado. Você se dedicou para isso.

E você foi programadora, por 10 anos. O que foi o seu chamado? Por que você decidiu migrar para UX Design?

Acho que é algo que eu já tinha para mim há mais tempo, meu sonho de criança era ser arquiteta, na verdade. Como na época não tinha faculdade de Arquitetura na federal do meu estado, pensei na segunda coisa que eu mais gosto.

E eu tinha o meu blog, eu gosto de html, já fazia animações e mexia com flash, acabou que fui indo para essa área.

Acho que a primeira vez que eu senti "tô no curso errado" foi quando eu vi uma feira de ergonomia na faculdade do grupo de Design.

Só que tinha todo um caminho para voltar, voltar todos os steps, e eu já estava terminando a faculdade.

Então isso me controlou mais e eu também pensei que esse desejo poderia ser porque eu ainda era muito júnior, que precisava me profissionalizar mais.

Eu fiz pós-graduação, inclusive em desenvolvimento mobile, porque era com o que trabalhava. Fui tentando me profissionalizar e ser melhor na área de programação.

Talento é ser apaixonado pelo que você faz

Portfólio Thays Santos.

Sempre via que uma boa parte das pessoas que são muito talentosas em programação, que são maravilhosas, adoram fazer isso. Eles fazem isso no tempo livre deles. Não necessariamente programar, mas essas pessoas estão sempre se atualizando sobre o assunto.

E eu não tinha essa vontade. Fazia porque eu precisava me manter. Mas não era porque eu gostava de ficar vendo vídeo sobre as melhores tecnologias para Android. Não vinha esse sentimento.

Pensava, "poxa, eu gosto tanto de UX, será que não posso trabalhar com isso?" e depois descobri o canal do Daniel Furtado, o UXNow. E achava UX cada vez mais interessante.

Vi que não era tão longe da minha realidade, porque eu entendo a parte do handoff, só que não entendia o processo anterior, mas eu achava super interessante.

Eu era aquela pessoa que sempre me escalava para participar de entrevista, trabalhei para a Samsung por um tempo, e toda vez que eles entrevistavam funcionários para alguma pesquisa, eu sempre tava lá.

Adorava participar do processo, de estar entrevistando, de ver como poderíamos melhorar o produto.

Empresas como a Samsung têm aqueles laboratórios maravilhosos, com aqueles espelhos mágicos. E eu achava incrível, eu vi que me escalava porque queria estar lá.

Isso começou a alimentar o pensamento de que eu não estava tão feliz com o que eu estava fazendo. A insegurança partia do ponto de que eu ganhava bem, era uma imigrante, e estava trabalhando com uma coisa que todo mundo precisa.

É muito difícil não conseguir trabalho como programador aqui, as pessoas imploram para você trabalhar, e eu tinha esse receio de ir para uma área nova e começar como júnior, perdendo então essa segurança que eu tinha.

Dica de leitura: UX Research: A Importância da Pesquisa em Product Design

Descobrindo meu potencial

Protótipo de alta fidelidade, portfólio Thays.

Mas eu ainda sou nova, e eu ficava pensando, tenho um pouco mais de 30 anos e tenho pelo menos uns 20 anos de carreira pela frente, eu vou passar o resto da minha vida numa carreira que não me satisfaz?

E foi quando comecei a estudar a parte financeira, na minha época uma pessoa júnior em UX ganhava bem menos que um desenvolvedor júnior. Agora acredito que está mais balanceando, principalmente aqui na Suécia, mas o Brasil também está acompanhando.

E vai muito da pessoa, se ela é competente, e faz escolhas voltada para o dinheiro – que não é muito o meu caso, mas se eu quiser ganhar muito bem, eu sei que tenho que ir para uma empresa grande, ter um cargo sênior, numa posição dentro da área de design que ganha mais. Então tem essas questões de escolha relacionadas ao dinheiro.

Eu queria ganhar o mínimo para me manter, mas o foco não era o dinheiro, era a qualidade do meu trabalho. Eu sentia que como dev (desenvolvedora) eu entregava bem, mas não era o meu potencial.

Realmente sentia que poderia fazer muito mais fazendo outra coisa. Então quando eu comecei a estudar a parte de UX e a fazer trabalhos pelo MID (Master Interface Design) e pelo mestrado, eu ficava tão empolgada que eu conseguia dar o melhor de mim.

Eu gosto muito do que eu faço e fico empolgada falando. Eu não era tão apaixonada pelo desenvolvimento quanto eu sou pelo design. Acho que isso foi a minha principal motivação.

Hoje é possível trabalhar com UX Design e ganhar melhor ou tão bem quanto programadores.

Portfólio Thays Santos.

Antes o seu trabalho começava depois do handoff. Você poderia descrever como é o seu trabalho agora com os developers?

Sim, como developer, meu trabalho começava com o handoff, que é quando você recebe a parte de UX e UI – dependendo da empresa você tem uma documentação diferente para UX e UI.

Assim o programador sabe quais são os fluxos que eles têm que fazer, quais são as distâncias e medidas de cada componente.

Na Samsung que é uma empresa grande, eu tinha uma documentação de UI que eu tinha que seguir à risca. Então handoff é a entrega dos designers, a parte final deles.

A minha conversa com os designers era para entender como funcionava um componente específico, eu fazia a parte técnica, de implementação e o designer vinha com as imagens que se encaixariam naquele formato.

Hoje eu estou na parte de pesquisa, no início de tudo. Eu estou especificamente conversando mais com desenvolveres, mas também estou envolvida em reunião com usuários finais na plataforma.

Hoje eu preciso entender o que o usuário precisa, os problemas que eles têm e conversar com os designers para que isso se reflita nas telas.

Usuário pode ser tanto um desenvolvedor quanto o usuário final do produto.

Dica de leitura: Como Me Mantive Motivada Na Migração Para UX – Entrevista Com Iana Joaquina

E como você acha que está para researchers e designers que querem trabalhar na Suécia? Como as pessoas podem ter mais chances?

Eu acho que é sempre estar preparado. O mercado ainda está contratando bastante, vejo muita vaga para designer por aqui mesmo com essa resceção que estão esperando pro proximo ano.

Na Suécia em si eu vejo que depende muito da vaga, eles querem pessoas que colaborem com o time, e pessoas que tenham experiência com produto.

Tem muita empresa internacional que não exige o sueco, então com o inglês você se vira. Se você tem experiência para mostrar, você é contrado.

Na empresa que eu trabalho o time de design é bem diverso. Tem 3 ou 4 suecos, mas somos 15, contando os pesquisadores e designers. Boa parte é de fora, tem muitos brasileiros. No time de pesquisa, somos 5, 2 brasileiras, uma portugues, uma sueca e uma felipina.

Dá pra ver que o mercado está bem aberto para pessoas de outros países.

Portfólio Thays Santos.

Você começou o mestrado enquanto estava trabalhando e estudando no Master Interface Design. Como você equilibrou os pratos?

Você tem alguma dica para as pessoas que estão sem tempo para estudar?

Sou uma dessas pessoas que teve esses momentos de parar. Eu aprendi esse ano a respeitar os nossos limites.

Eu acho que o importante é planejar. Tudo que você planeja acontece, pode ser que não acontece exatamente como você planejou, mas alguma coisa acontece!

O conselho é fazer algo pequeno, mas que tenha constância. Inc;usive isso foi uma dica da comudidade Aela.

Se você cria certas estratégias, como uma hora por dia para estudar, ou tentar ver o seu portfolio como um projeto, já é um avanço.

Eu fiz isso com o meu portfólio, enviei para algumas pessoas, fui colhendo feedback e comecei a melhorar. De pouquingo em pouquinho, quando você olha para trás você fez um montão.

Tudo passa muito rápido. Todo mundo tem as 24 horas, eu sei que o trabalho toma muito tempo e energia, mas é bom separar certos horários certos dias, separa um pouco do seu tempo.

Dica de leitura: Como Utilizar Seu Portfólio Para Mostrar O Que Você Quer?

O esforço traz a recompensa

E se você tá muito perto de alguma coisa, vale a pena fazer aquele sacrifício, dar aquela apertada. O meu fim de semana, durante um período, era voltado para fazer os trabalhos do mestrado.

É claro que isso não deve ser rotina, mas ás vezes, para conseguir uma coisa que é muito importante, é preciso dar aquele empurrãozinho.

Uma coisa que a gente tem que botar na cabeça é que só a gente pode lutar pela nossa carreira. Ninguém vai pegar a gente pela mão.

E foi uma coisa que eu briguei muito esse ano. Até pra mudar de cargo, eu tive que conversar com minha antiga gerente e minha atual líder.

Se é algo que é muito importante para você, tenta adicionar à sua rotina de alguma forma. Eu tive vários problemas pessoais nesse processo, mas acho que a gente não pode deixar os problemas tomar conta da nossa vida.

Se não, você não consegue andar e atingir os objeivos que você quer. Acho que isso é uma questão de equilíbrio.

Portfólio Thays Santos.

Como foi o primeiro projeto em Product Design, e receber o feedback dos mentores? Como você extraiu da melhor forma os insights que recebeu?

Pelo meu background como developer, acho que o mais difícil era não pular direto para uma solução. Em UX você precisa ter empatia e conhecer o usuário, entender profundamente as dores deles.

Tudo o que o usuário fala, você tem que fazer. Ás vezes o usuário nem sabe o que ele quer, então é preciso ter atenção com isso. Você precisa solucionar o problema dele.

Acho que essa foi a parte mais difícil. O que me ajudou foi conversar com pessoas mais experientes.

Ao mesmo tempo, eu me sentia insegura em fazer as telas. Ainda mais para alguém que não tinha a base de design gráfico, de nada que fosse mais visual. Acho que isso foi o mais desafiador e ainda sofro um pouco com isso, ainda tenho muito a melhorar.

A Aela me ajudou muito nisso, porque eu vinha logo com a solução, e recebia de volta o projeto, com os mentores questionando "mas qual é o problema que você está resolvendo aqui?" Porque eu fazia redesign, do que eu achava que era. Mas faltava coisa.

E quando eu entreguei a versão final eu vi que realmente tinha muito mais coisas. Fazer um benchmarking, dar uma olhada em como são as soluções das outras pessoas, realmente entender o que o usuário está querendo.

Acho que essa parte foi uma virada de chave que eu precisava.

Portfólio Thays Santos.

A clássica: o que você diria para a Thays do passado?

Diria para ser mais confiante em mim mesma. Porque quando eu pensava em mudar, eu ouvia muito a opinião dos outros. E acho que se eu tivesse tentado desde aquela época, teria sido menos sofrido.

Porque querendo ou não, transicionar não é uma coisa que todo mundo se arrisca a fazer. Então confiar mais nessa voz interior, naquela coisa que você acredita que é o que quer fazer, é importante.

Claro que não dá para esquecer que tem conta para pagar. Depende muito da ambição de cada um também, mas se você quer uma vida confortável e sabe que consegue isso com aquilo que você gosta, com aquilo que você naturalmente se identifica, acho que tem que fazer.

E UX Design é uma carreira que pode te dar isso, hoje você pode ter uma vida confortável em UX.

Dica de leitura: Portfólio de UX Design: 6 Dicas Essenciais Para Montar o Seu

Thays, muito obrigada e sucesso para você!

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