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A Escola Bauhaus: Mais Que Um Estilo, Um Movimento
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A Escola Bauhaus: Mais Que Um Estilo, Um Movimento

Bauhaus: Functional Design For People cover

A escola Bauhaus foi uma instituição alemã de artes que revolucionou o mundo artístico na primeira metade do século XX.

A Staatliches Bauhaus — Casa Estatal de Construção, em tradução livre — foi fundada em 1919 na cidade de alemã de Weimar, por Walter Gropious. A escola foi o resultado da fusão entre a Academia de Belas Artes e a Escola de Artes Aplicadas de Weimar.

Depois de Weimar, a Bauhaus estabeleceu sua sede em mais duas cidades: Dessau e Berlin. As mudanças aconteceram principalmente devido à perseguição que a instituição sofria pelo partido nazista.

Em 1933, a escola foi oficialmente fechada, acusada por disseminar princípios anti-germânicos e por sua "arte degenerada".

Apesar de sua breve história, a influencia da escola Bauhaus permanece até hoje e é muito comum ser considerada a primeira escola de design do mundo.

A história da Escola Bauhaus

Podemos dividir a história da escola em 3 grandes momentos:

  1. Weimar;
  2. Dessau;
  3. Berlim.

Cada uma dessas fases representa uma mudança física da escola por entre essas três cidades na Alemanha.

Weimar (1919 – 1925)

Walter Gropius criou a escola Bauhaus em Weimar, fundindo a Academia de Belas Artes e a Escola de Artes Aplicadas.

Walter Gropius | Fonte: Creative Commons

Gropius tinha um pensamento mais moderno e que era contra as tradições e os pensamentos conservadores da época. Essa característica foi passada para os fundamentos e valores da escola.

Por conta disso, a Bauhaus sempre esteve no conflito entre os diferentes partidos políticos que existiam na Alemanha, nas primeiras décadas do século XX.

O governo até 1923 era a favor das ideias de Gropius e da Bauhaus, no que tange as artes e a industrialização. Nesse sentido, a escola recebia incentivos e um bom orçamento.

No entanto, nas eleições de 1924, o partido de direita conseguiu a maioria na Assembleia Legislativa do Estado e, com isso, o orçamento da Bauhaus foi cortado pela metade instantaneamente.

Além disso, os contratos dos professores foram cancelados e, num ato de protesto, Gropius e outros mestres da escola renunciaram aos cargos no final do ano de 1924.

A partir disso, várias outras cidades estavam interessadas em se tornar sede da escola, e a cidade de Dessau foi escolhida para acolher a Bauhaus na nova fase que se iniciava.

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Dessau (1925 – 1932)

A escola mudou-se para a cidade de Dessau em 1925, mas abriu efetivamente suas portas na nova localização somente em 1926, com a inauguração do famoso Edifício Bauhaus, projetado pelo próprio Gropius.

Bauhaus Dessau, 1926 | Fonte: Creative Commons

O período da Bauhaus em Dessau foi o maior e mais produtivo de toda a sua história. Muitos dos produtos e arquiteturas que viraram referência mundial do movimento foram criados nesse período.

Somente um ano após a inauguração da escola, em 1927, Walter Gropius se viu forçado a tomar decisões baseadas no contexto político da época, visando a sobrevivência da instituição.

Nesse ano, Gropius entregou o posto de diretor para Hannes Meyer, que definitivamente fez crescer os conceitos de design industrial na Bauhaus.

Apesar dessa mudança de direção, a Bauhaus não ficou menos politizada, muito pelo contrário. Durante a direção de Meyer, os alunos e alunas se tornaram mais radicais e adeptos ao comunismo.

Nesse cenário, Hannes Meyer acabou sendo demitido e o cargo de diretor foi para Ludwig Mies van der Rohe.

Sob a nova direção, os trabalhos de oficina da Bauhaus foram diminuindo e deram lugar para o crescimento da arquitetura, do construtivismo e da liberdade espacial.

Infelizmente, o partido de direita formou maioria na assembleia da cidade e o fechamento da escola foi aprovado em setembro de 1932.

Berlim (1932-1933)

A mudança da escola para Berlim foi apenas o prenúncio de seu fechamento.

A Bauhaus se estabeleceu numa antiga fábrica de telefones em Berlim, mas ficou nesse local até julho de 1933 quando finalmente foi forçada a fechar as suas portas, acusada pelos nazistas de propagar uma arte degenerada e anti-germânica.

Após seu fechamento, estudantes e professores que fizeram parte da escola Bauhaus na Alemanha emigraram para outros países, contribuindo com a disseminação dos conceitos e valores do movimento para outros lugares no mundo.

Muitos artistas, inclusive Walter Gropius e Ludwig Mies van der Roeh, foram para os EUA, sendo que estes citados se tornaram grandes arquitetos influentes na América.

A essência da Bauhaus

O que diferencia a Bauhaus dos outros estilos artísticos é justamente o fato de que a Bauhaus não é um estilo, mas um movimento, um método.

Mas para entender os objetivos e as ideias dessa escola, é importante entender primeiro qual era o contexto histórico no qual ela surgiu.

A industrialização e o pós-guerra

Antes da Bauhaus nascer, as artes já estavam sofrendo impactos devido à Revolução Industrial, que, no começo do século XX, já acontecia em diversos países da Europa.

Indústrias Basf, Alemanha, 1881 | Fonte: Creative Commons

A industrialização e a urbanização separaram as artes artesãs da economia; a produção em escala era mais rápida e mais barata para a clientela do que encomendar para artesãos.

No entanto, a produção de escala estava longe de produzir produtos com a qualidade que as pessoas artesãs fabricavam em seus ateliês. Havia muita produção, a preços competitivos, mas a qualidade do produto caiu bastante.

Além disso, vale ressaltar que as artes artesãs foram as últimas a se manterem ligadas à população e à economia. As outras artes, de maneira geral, já tramitavam em outro espectro desde o renascimento.

Artes como a pintura e a literatura eram consideradas artes finas e que somente estavam ao alcance da elite e das pessoas mais ricas da sociedade.

Portanto, nesse momento, as artes estavam totalmente separadas das discussões econômicas e políticas; e haviam perdido a sua função prática na sociedade.

Todo esse cenário se agravou com o pós primeira guerra mundial.

Na Alemanha, a classe trabalhadora estava desolada por conta da derrota na guerra. Os trabalhadores utilizaram sua mão de obra para ajudar o país durante o conflito e, agora, estavam numa situação pior. Essa consciência fez com que a classe operária começasse a se organizar e ganhar força.

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A Bauhaus como movimento em prol das artes

Nesse contexto, de insatisfação, de descolamento das artes com o povo e de crise econômica é que surgiu a escola Bauhaus e com ela o movimento de mesmo nome.

A ideia da Bauhaus era trazer de volta a classe artística — as pessoas artesãs, inclusive — para o debate social, econômico e político.

Seu fundador, Gropius, escreveu no manifesto da escola que não há diferenças entre o artesão e o artista, mas que o artista deve necessariamente possuir competência técnica. A ideia era eliminar as barreiras que existiam entre artesãos e artistas, estabelecendo conceitos únicos entre as artes.

Alunos e alunas da Bauhaus | Fonte: Toda Matéria

Além disso, o movimento tinha a ideia de alinhar o conceito de produção em escala, da industrialização, com os conceitos de qualidade e, principalmente, de funcionalidade, criando produtos funcionais e acessíveis, mas sem abrir mão da parte estética.

Dessa forma, os mestres do movimento, principalmente arquitetos, propunham, por exemplo, casas simples, funcionais e eficientes para a classe trabalhadora. Os componentes de produção seriam padronizados, visando atender às necessidades das pessoas e da industrialização em escala, com velocidade e competitividade em custo.

Além disso, a Bauhaus foi pioneira também em outras vertentes, ensinando diversas novas técnicas que mudariam artes como:

  • Fotografia;
  • Colagem;
  • Tipografia
  • Ergonomia;
  • Decoração;
  • Pintura;
  • Cinema e teatro;
  • Balé;
  • Design Industrial;
  • Cerâmica;
  • Metalurgia;
  • Publicidade;
  • Criações têxteis.

Para isso, o método de ensino da Bauhaus estava pautada tanto no aprendizado de conhecimentos técnicos quanto na educação artística, considerando elementos sociais e humanos.

Foi justamente por ensinar essa visão tão abrangente, unindo artes, produção industrial, política e visão social que a escola foi perseguida pelos nazistas.

Quais as principais características da Bauhaus?

A Bauhaus tinha como objetivo modernizar a produção da arte, propondo a criação de produtos funcionais, acessíveis e esteticamente bonitos.

Para isso, contava com características multidisciplinares como:

  • Foco no funcionalismo: as obras e produtos devem ter uma função e, serem feitos para atendê-la;
  • Produção em escala: um produto deve ser capaz de ser fabricado em grandes quantidades, sem perder a qualidade;
  • Idealizar todo o processo produtivo: a escola estimulava a criação do projeto do produto por inteiro, passando por todos os processos produtivos;
  • Integração: o artesanato deve voltar a fazer parte da produção e do meio artístico como ferramenta para atingir as funções e objetivos dos produtos;
  • Não esquecer da estética: apesar do forte apelo funcional, a Bauhaus não deixou de lado as questões estéticas dos produtos e incentivavam que as pessoas artistas criassem obras que surpreendessem as outras;
  • Inovação: utilização de materiais novos e inovadores para a época, como madeira, aço e vidro.

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A arquitetura de Bauhaus

A arquitetura da escola de Bauhaus foi e ainda é reconhecida como possuindo um estilo moderno.

A ideia era construir obras que fossem funcionais e ao mesmo tempo de fácil produção em escala. Para isso, considerava a junção entre arquitetura e urbanismo, dando ênfase e pensando em elementos como:

  • Linhas retas e formas geométricas simples;
  • Construções e fachadas com muitas janelas;
  • Valorização de áreas amplas e arejadas;
  • Uso de sustentação das construções com base em pilares (pilotes);
  • Predomínio de paredes brancas, lisas e cruas;
  • Arquitetura reproduzível: conjunto de prédios iguais.
Exemplo de arquitetura Bauhaus | Fonte: Toda Matéria

Exemplos de obras

Apesar da arquitetura ter sido uma das grandes artes e ofícios da escola Bauhaus, alguns produtos que foram criados a partir desse movimento ficaram também muito famosos.

Cadeira Wassily, de Marcel Breuer

Cadeira Wassily, criada por Marcel Breuer | Fonte: Creative Commons

Infusor de Chá, de Marianne Brandt

Infusor de chá de Marianne Brandt | Fonte: Creative Commons

Mesinhas coloridas, de Marcel Breuer

Mesinhas coloridas, de Marcel Breuer | Fonte: Toda Matéria

Arquitetura em Tel Aviv

Arquitetura Bauhaus em Tel Aviv, Israel | Fonte: Creative Commons

Uma das cidades onde há forte presença da arquitetura de Bauhaus é Tel Aviv, capital de Israel.

Arquitetura Bauhaus em Tel Aviv, Israel | Fonte: Creative Commons

Nos anos de 1930, muitos judeus alemães migraram para Israel levando consigo os pensamentos e ensinamentos da escola Bauhaus. Rapidamente, o movimento começou a ganhar força na maior cidade do país, Tel Aviv.

A arquitetura Bauhaus ficou tão famosa na cidade, que diversos projetos foram criados a partir desses conceitos.

Arquitetura Bauhaus em Tel Aviv, Israel | Fonte: Creative Commons

Tel Aviv possui tantos prédios com o conceito de Bauhaus que em 2003 parte da cidade foi tombada pela Unesco, sendo reconhecida como Patrimônio Mundial da Humanidade. Essa localização ficou conhecida como Cidade Branca, justamente pela quantidade enorme de prédios brancos existentes.

Arquitetura Bauhaus em Tel Aviv, Israel | Fonte: Creative Commons

Bauhaus e o UX Design

O movimento Bauhaus foi algo bastante inovador, com propostas muito diferentes para a sua época e que influenciaram o mundo das artes e do design, inclusive.

Não é possível dizer, com toda a certeza, de que o UX Design como conhecemos hoje se alimentou diretamente das caraterísticas e visão da escola Bauhaus de 1919. No entanto, é possível ver como a Bauhaus foi importante para difundir conceitos como o funcionalismo e a integração das artes na vida e no dia a dia das pessoas.

Se hoje temos uma preocupação com a função de um produto e como ele atenderá as necessidades das pessoas usuárias, a Bauhaus também tinha como guia as questões funcionais de sua arquitetura, obras e produtos.

Um dos ideais que o movimento seguia está presente na frase do arquiteto americano Louis Sullivan, que disse: A forma segue a função.

Ou seja, primeiro é importante pensar no objetivo da obra, e depois, a partir disso, constrói-se a parte estética, que também é importante.

Esses conceitos e ideais — adaptados aos dias de hoje — são pilares fundamentais do UX Design. Conceitos como Design Centrado no Usuário, por exemplo, são importantes para designers entenderem como criar produtos que satisfaçam as necessidades das pessoas usuárias, dando uma função específica a um produto, aliada a características estéticas que tornam a experiência de uso ainda melhor.

Além disso, é interessante ver como a Bauhaus também trabalhou com conceitos como a padronização para facilitar seus processos de produção. Esse também é um aspecto importante dentro do design e da experiência do usuário.

Mais uma vez, não dá para dizer que o UX Design só existe por causa da Bauhaus. Mas o movimento Bauhaus abriu muitas portas para novos conceitos e pensamentos que, indubitavelmente, culminaram em ideias de design que são utilizadas até hoje por nós designers.

Estudar o que foi o movimento Bauhaus não somente ajuda a compreender como as artes podem ser funcionais e ajudar as pessoas, mas também como elas são importantes para que os próprios artistas se sintam parte da sociedade, indo além de suas funções profissionais e incluindo discussões sociais, econômicas e políticas.

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